A primeira ministra da Finlândia sabe dançar
Apenas quando houver mulheres incompetentes em cargos de chefia existirá igualdade entre homens e mulheres. Até lá, as mulheres, em cargos de liderança são extraordinárias. Trabalham mais que os homens para chegarem ao topo, derrubam barreiras que os homens não encontram e tomam decisões entre a conciliação da família e da vida profissional que os homens não tomam. E isso é desgastante. E isso é brilhante!
Olhar de lado para uma mulher que ocupa um lugar de destaque na vida política ou económica é uma grande, como dizia a minha avó, dor de cotovelo.
E sim, as mulheres primeiras ministras, até soa mal porque há tão poucas, podem rir, tocar viola, ir a festas, dançar e tirar selfies. Mas acontece tão pouco… porque há poucas, e porque as poucas que há, fazem tudo para que não haja nada a apontar-lhes.
Se promovessem festas de cariz sexual nas suas mansões, tipo Sílvio Berlusconi, (alegadamente, claro), se fossem apanhadas em festas ilegais durante a pandemia como os Políticos franceses, se fossem apanhadas a ver pornografia no parlamento como o deputado britanico ou se, como o primeiro ministro britanico, promovesse festas particulares durante a época COVID, provavelmente seria normal.
No entanto foi pedido à primeira ministra finlandesa para fazer o teste de despiste de drogas no organismo. Porque, repare-se, estava numa festa. E, ainda por cima, nesta festa não há noticia de pornografia, de bacanais, nem estavam interditas por motivo de saúde pública.
E estou eu aqui indignada a comentar uma noticia, que, a esta altura da escrita, deveria ter piada e não tem. Porque , sei lá, fiquei sem sentido de humor. Talvez me apetecesse dizer palavrões, mas não ficavam bem aqui. Aliás, uma mulher a dizer palavrões também não é coisa gira de se ver. Ou a coçar os tintins também não soa bem. Por isso precisamos usar o “decoro”, o “recato”, o “equilíbrio”, a meia luz, a sapiência, a emoção bem medida, o sorriso em vez do riso e nem pensar na gargalhada, as palavras certas, o discurso comedido, a vida regrada na moral e nos bons costumes. As outras, as mulheres que se divertem, que dão gargalhadas estridentes, as mulheres que ganham dinheiro a potes, as mulheres que dão ordens e governam um país são mulheres que não são boas influencias para as meninas.
Cresci com mulheres apagadas, amarguradas pela vida que não as deixava brilhar. Com mulheres que foram feitas para servirem os homens. Com mulheres tiradas da costela do homem para lhe fazerem companhia porque o dito cujo sentia-se sozinho. Com mulheres que que faziam o doce “espera maridos” e eram ensinadas a servir o corpo e a alma ao macho lá de casa. Com mulheres que sabiam que entre marido e mulher ninguém mete a colher e, por isso, bem podiam morrer porque ninguém as socorria.
E voltamos à história da noticia. Se a “gaja” fosse apanhada, na secretária com o assistente que, ao invés de lamber o envelope lambesse outra coisa, que seria desta mulher?
Será que continuaria o mandato como continuou o “Bill” Clinton?
Tu, que és mulher, dás gargalhadas estridentes? Assumes o teu poder como qualquer outro ser humano? Erras, cais, levantas-te e continuas até teres/seres o que queres? Exprimes-te como te dá na real gana?
Então, parabéns! Fazem pela raça humana mais do que provavelmente algum dia pensaste!
Obrigada!
E que queres dizer em relação a isto? Sabes que podes partilhar, comentar, dizer tudo o que te vai na alma.